segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Asdrúbal Serrano e Elenir Rodrigues são agredidos por seguranças da CPTM

No último sábado (feriado), eu e a minha companheira Elenir Rodrigues, assim que deixamos uma escola pública no bairro de Guaianases, na qual voluntariamente desenvolvemos o Projeto Guerreiros Urbanos, uma oficina de formação política e cidadã, por meio do teatro popular, fomos brutalmente imobilizados, feridos, humilhados e (literalmente) expulsos da Estação Guaianases da CPTM acusados de sermos "vagabundos".
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O motivo para as agressões é que um dos nossos alunos não tinha recursos para retornar a sua residência e a minha companheira Elenir Rodrigues utilizou o seu bilhete único para que o adolescente retornasse à sua residência em Ferraz de Vasconcelos.
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Abrimos um boletim de ocorrência no 44o. D.P. de Guaianases e faremos corpo de delito no IML. Pretendemos entrar com ações contra a estatal e contra os nossos agressores.
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Segue uma carta aberta que distribuiremos aos usuários da referida estação no próximo sábado, na parte da tarde. O anexo contém, também, uma poesia que fiz ante a indignação do ocorrido.
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Este material foi encaminhado para a ouvidoria da CPTM, para as Comissões de Direitos Humanos das Câmaras Municipal, Estadual, Deputados, Senadores, órgãos de imprensa e diversas autoridades.
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Carta Aberta aos usuários contra as arbitrariedades da CPTM

Dois educadores sociais foram covardemente agredidos pelo plantão da Polícia Ferroviária da Estação Guaianases, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no sábado, 15 de novembro de 2008, por volta das 18h30, feriado do Dia da Proclamação da República (que proclamação?).
O motivo? Um dos jovens foi “convidado” (empurrado, escorraçado, achincalhado) a se retirar da estação por ter usado o bilhete único emprestado pela professora Elenir Rodrigues, mãe de dois filhos. O jovem não possuía recursos para a passagem e a professora ofertou o seu bilhete único para que o jovem pudesse retornar à sua residência, em Ferraz de Vasconcelos. Este jovem participa de uma oficina de formação cidadã, ministrada pelos educadores Asdrúbal Serrano e Elenir Rodrigues, na Escola “João de Lima Paiva” (Segundinho). São quatro horas em que os jovens têm acesso, por meio do teatro popular, à inclusão social e que oferecem alternativas contra a exclusão social e política que sofremos em Guaianases.
Sem nenhuma possibilidade de diálogo com os “funcionários da catraca”, os plantonistas daquele horário da Polícia Ferroviária (os famosos marronzinhos armados), foi acionada para conter a reivindicação dos educadores que clamavam por justiça e pelo direito inalienável, constitucional do “ir e vir” de todo o cidadão. Os professores Asdrúbal Serrano e Elenir Rodrigues foram brutalmente imobilizados. A professora Elenir Rodrigues sofreu lesões corporais por dois agentes da PF, um homem e uma mulher, e chamada aos berros de “vagabunda” e convidada a entrar em um “quartinho” para receber um merecido castigo e a expropriação do seu bilhete único. Outros passageiros, além de fotografar e filmar a seqüência de violência proferida pelos agentes de plantão foram solidários e passaram a reivindicar que as agressões contra a professora fossem encerradas.
Foi feito um exame no Hospital Geral de Guaianases, no qual constatou vários hematomas e torções no braço da professora. O exame serviu de base para a abertura de um boletim de ocorrência contra as arbitrariedades cometidas por profissionais que deveriam zelar pela segurança e integridade dos passageiros da CPTM e não o cerceamento da mobilidade e o emprego da força irracional contra a população sofrida dos bairros populares.
Não podemos mais aceitar este tipo de tratamento oferecido por esta empresa estatal que sobrevive à custa dos nossos preciosos impostos e que oprime cada vez mais os seus usuários. Temos de nos organizar e lutar contra mais este tipo de opressão que o “nosso” poder público imputa contra nós, cidadãos, os verdadeiros mantenedores deste péssimo serviço oferecido pela CPTM. Não deixe que te façam de massa de manobra condicionada. ...
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Denuncie qualquer violência contra os seus direitos.
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Vamos lutar por justiça!
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CPTM (Cuidado Povo! Temos Motivo!)
Sábado,
quinze de novembro
de dois mil e oito,
proclamação da república.
Quem é esta república
que judia do seu povo,
na catraca que atraca
e segrega os seus filhos
às seis e meia da tarde.

Disse a segurança
Que pela catraca passam:
“Trabalhadores,
desempregados,
pais e mães de família,
crianças carentes,
(muitas sem dentes),
prostitutas,
traficantes,
bandidos”.

Somos povo,
criminosos sem crime
que atravessa a cancela
cansados e quase sempre calados.

Estação Guaianases
cinco guerreiros
sobrevivem
acreditam,
lutam cansados
sempre sem grana,
pra atravessar
a cancela
da catraca que atraca
e segrega os seus filhos.

Homens armados
de razão cassetetes,
de verdades e macetes
de berro e do ferro
na cinta exibida.

Empurrão!
vagabunda...
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Educadora!
vagabunda...
...
Social!
vagabunda...
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Quartinho!
vagabunda...
...
Agitadora!
vagabunda...

Imobilização!
vagabunda...
...
Ai meu braço,
vagabunda...
...
Hematoma!
vagabunda...
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Repressão!
vagabunda...
...
Opressão!
vagabunda...
...
Agressão!
vagabunda...
...
Berro na cinta!
vagabunda...
...
Chão de ferro!
vagabunda...

Professora!
“vaga bunda”...

Lágrimas de mãe!
“vagam o mundo”...

Jovem!
“vagal imundo”...

Oprimidos!
“vagam juntos”...

Hospital
doentes
Geral
feridos
Guaianases
esquecidos
nas filas injustas
nas cadeiras de espera
que segregam
lá fora.

44 D.P.
B.O. 44
dois oito.
Tem de ter a guia
pra fazer a sangria
e meter um processo
no Estado que segrega
e judia do seu povo
na catraca que atraca
e segrega os seus filhos.

Poesia de Asdrúbal Serrano
(pai, escritor, dramaturgo e arte educador não é vagabundo)
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Elenir Rodrigues
(mãe, atriz, formada em Letras, arte educadora e educadora social não é vagabunda)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Guerreiros Urbanos na Galeria Olido

No próximo dia 10 de novembro (segunda-feira, às 14h), a convite do III Festival de Teatro Vocacional, a Cia. Caracol de Teatro Popular apresentará o espetáculo Guerreiros Urbanos na Galeria Olido, região central de São Paulo. Além da apresentação haverá uma tarde de autógrafos com o dramaturgo Asdrúbal Serrano.
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A abertura do Festival contará, no dia 7 de novembro (sexta-feira, às 19h) com a apresentação do Teatro Popular União e Olho Vivo, com o espetáculo A Lenda de Sepé Tiaraju. Após a apresentação o grupo fará o lançamento da Coleção TUOV 42 anos, que reúne 5 livros com os espetáculos montados pelo Teatro Popular União Olho Vivo nos seus 43 anos de existência.
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Serviço:
Guerreiros Urbanos
Sinopse: A trajetória de um egresso da Febem e a sua escolha entre a violência e o teatro.
Duração: 45min.
Recomendação etária: Livre
Local: Galeria Olido - Espaço Corredor - Dia 10 às 14h
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A Lenda de Sepé Tiaraju
Sinopse: A encenação mostra a história da luta de resistência dos índios Guarani liderados pelo cacique Sepé Tiaraju nos 7 Povos das Missões contra a dominação luso-espanhola.
Duração: 60min
Recomendação etária: 14 anos
Local: Galeria Olido – Sala Olido – Dia 07 às 19h
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Para informações sobre o festival, acesse: